terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quando chegamos ao limite...



Guardei tanto meu choro
Que choveu dentro de min

Nadei tanto em meu pranto
Que em cada canto me afoguei

E quando abri os olhos,chorei

Enfim me libertei

Em Novembro decidiu-se ir dar as boas vindas à filhota da minha prima, andava numa pilha, temia não me aguentar durante a visita... e o meu medo afinal tinha fundamento, durante o almoço caiu o pano...há situações e sentimentos que nos levam ao limite: durante o almoço a minha cunhada (grávida) trocava opiniões com a minha prima (recém-mamã). Gravidez e maternidade foi o tema dominante à mesa, mas também ouve tempo para graçolas sobre casais infertéis, eu estava realmente a chegar ao meu limite, o C. apertou-me a minha mão por debaixo da mesa como que a perguntar se eu estava bem?! Olhei para ele e acenei que sim com o olhar, mas já se estava a formar um grande nó na minha garganta estava a sofucar: como podiam estar a gracejar sobre casais inférteis? A opinar? Que sabiam eles sobre a infertilidade se Deus lhes tinha dado "de bandeja" o dom de serem mães? Não estava a ser fácil... só queria desaparecer dali. E a cereja no topo do bolo foi quando o meu primo insistiu que eu devia pegar na "filha dele" ao colo, agora era demais, tentei dissuadi-lo dizendo que não tinha jeito para pegar recém-nascidos, etc..., mas ele insistia e de repente rebentei, fiquei histérica e gritei "não quero, não quero", levantei-me da mesa e fui-me trancar na casa de banho a chorar, já não eram lágrimas silenciosas... eram gritos e soluços de uma dor lacinante, de uma revolta, só me apetecia desaparecer. Tinha deixado cair a máscara, os meu pais, o meu irmão e a minha cunhada, os meus tios e os meus primos, após 11 meses perceberam que algo de errado se estava a passar comigo. A histérica não era a filha deles, nem a irmã, nem a cunhada, nem a sobrinha, nem a prima que haviam conhecido... como a impossibilidade de ser mãe e a dor que isso nos causa nos transforma!!!
Ninguém disse nada, ninguém questionou nada, apenas a minha prima foi ter comigo. Disse-lhe vagamente que já tentava engravidar havia algum tempo e que aquela situação tinha mexido comigo. Ela é uma rapariga inteligente e disse-me que eu não precisava de me ter sujeitado àquela tortura (realmente foi a uma cruel tortura a que me sujeitei). Estava tão envergonhada do meu comportamento, pedi-lhe desculpas e disse-lhe que não era por mal que não pegava na menina dela, apenas não o consegui fazer!

Um comentário:

Anônimo disse...

Lamento imenso. espero que consigam realizar o vosso sonho. Força
Isabel Amaro